justificação do valor científico
O Algar do Carvão está situado na parte central da ilha Terceira e é a cavidade vulcânica mais conhecida do arquipélago. Em termos gerais, desenvolve-se longitudinalmente segundo uma orientação geral E-W, com um comprimento de 90 m (incluindo duas salas abobadadas) e cerca de 80 m de profundidade máxima.
O Algar do Carvão teve a sua origem ao longo de duas fases distintas. Uma parte do algar corresponde à conduta dum cone de escórias basálticas s.s. que esteve em actividade há cerca de 1.700 a 2.100 anos BP. Por outro lado, a maior e mais antiga parte desta cavidade vulcânica desenvolve-se em domos ou coulées de composição traquítica s.s. associados ao vulcão poligenético do Pico Alto. No interior do Algar do Carvão, encastrados nestas formações traquíticas, e à cota da lagoa, existem carvões vegetais com uma idade 14C de 3.200 anos BP.
Durante a actividade estromboliana do Algar do Carvão foram emitidas escoadas lávicas basáltica muito fluidas, que cobriram todo o fundo da Caldeira de Guilherme Moniz e extravasaram esta caldeira, formando um campo lávico com área de 16 km2, onde estão referenciados diversos outros tubos lávicos (cf. Furna D’Água e Furna do Cabrito).
A água das chuvas que se infiltra desde a superfície até ao interior do algar alimenta uma lagoa de águas límpidas e frias e, inter-agindo com as formações basálticas e traquíticas encaixantes, é responsável pela formação de estalactites e de estalagmites de sílica amorfa (Si ? 77% a 82%), de origem química e biogénica. As estalactites de Si, que chegam a atingir cerca de 1 metro de comprimento e 40 a 50 cm de diâmetro, são únicas no contexto vulcanoespeleológico mundial.
Em algumas zonas, o tecto e as paredes primitivas da cavidade caíram na sequência de desabamentos, enquanto noutras apresentam-se revestidas por materiais negros, vítreos e lisos, maioritariamente obsidiana.
(NUNES ET AL., 2004a, SRAM, 2005, LIMA, 2007, COSTA ET AL., 2008)
Outros valores e sua justificação
Possui um elevado valor estético/paisagístico e educativo e local de elevado interesse turístico, ponto de passagem obrigatória nos circuitos turísticos, incluindo de turismo de natureza (e.g. espeleologia).
Desde o século XIX este algar foi alvo de campanhas reconhecimento, tendo no ano de 1963 iniciado as descidas organizadas à cavidade vulcânica, sendo as visitas facilitadas a partir de 1966 com a existência de um túnel de acesso ao interior do algar.
Observações
Uma parte do geossítio localiza-se no concelho de Angra do Heroismo.