Geossítios
GEO

Contacto granito-xisto na Serra da Freita

justificação do valor científico

Os afloramentos estão inseridos na área do Geoparque Arouca (Sá et al., 2008) e considerados de interesse geológico por estes e outros autores (Medina et al., 2005, Valle Aguado et al., 2006).

O granito da Serra da Freita é um granito varisco, sintectínico, intrusivo nas formações do Complexo Xisto-Grauváquico (CXG) ante-ordovícico. Neste local está exposto o contacto sudoeste do maciço graní­tico com o CXG.

O CXG é composto por uma alternância de metapelitos e metagrauvaques, afectados por metamorfismo regional de grau médio, em que é posí­vel observar uma xistosidade com direcção NW-SE a WNW-ESE, subvertical. Os ní­veis mais peláticos sáo micaxistos biotí­cos onde se destacam porfiroblastos de estaurolite e andaluzite. Os cristais de estaurolite podem atingir dimensões de vários centí­metros e apresentam-se, por vezes, maclados. Ao contrário do que acontece actualmente, há uns anos, antes da chegada dos coleccionistas e comerciantes à região, era possí­vel encontrar excelentes exemplares deste mineral.

O granito da Serra da Freita é um granito de duas micas que se apresenta neste afloramento com granularidade média. Contêm quartzo, feldspato potássico, plagioclase, biotite e moscovite. Neste local, a moscovite é claramente dominante sobre a biotite. O granito mostra aqui uma textura isotrópica.

O contacto dos metassedimentos do CXG com o granito é brusco, passando-se, em poucos metros, dos micaxistos e metagrauvaques às rochas plutónicas. O contacto tem direcção NW-SE e sua inclinação é próxima dos 90º. A direcção vê-se no plano horizontal, no chão de um caminho próximo à  estrada. A inclinação observa-se na queda de água da Mizarela, onde a erosão diferencial provocada pelo rio Caima deixou exposto o limite do granito na sua terceira dimensão.

 

Referências

Medina, J., Valle Aguado, B. & Azevedo, M.R. (2005) - The Castanheira Biotite Nodular Granite and the Metasedimentary Host Rocks (Serra da Freita, Central Northern Portugal): A Geosite to Preserve. IV International Symposium ProGEO of the Conservation of the Geological Heritage, 13-16 September 2005, University of Minho, Braga, (Portugal). Abstract Volume, p. 34.

Sá, A.A., Brilha, J., Rocha, D., Couto, H. Rábano, I. Medina, J., Gutiérrez Marco, J.C., Cachão, M.; Valério, M. (2008). Geoparque Arouca. Geologia e Património Geológico. Edição do MunicÃípio de Arouca (ISBN: 978-972-8978-03-7), 127 pp.

Valle Aguado, B., Medina, J.; Sá, A.A. (2006) - Geologia da Serra da Freita e visita ao Centro Interpretativo Geológico de Canelas (Arouca). Simpósio Ibérico do Ensino da Geologia, Univ. de Aveiro, Livro Guia de Campo (ISBN: 972-789-198-6), p. 43-62.

Outros valores e sua justificação

Elevado valor educativo para vários ní­veis de ensino, do secundário ao universitário. É possível a clara observação de um contacto intrusivo, sendo o local ideal para o exercí­cio de técnicas básicas de cartografia geológica.

Por outro lado, o geossí­tio apresenta boas características para mostrar a influência do factor litológico na modelação da paisagem.

A proximidade do miradouro da Frecha da Mizarela confere ao local interesse paisagístico acrescido.

Observações

Povoação de Mizarela, Freguesia Albergaria da Serra, Serra da Freita. EN 621, junto ao miradouro da Frecha da Mizarela.

Este geossí­tio integra o  Arouca Geoparque Mundial da UNESCO.