Geossítios
GEO

Deslizamento sin-sedimentar da Ateanha

justificação do valor científico

Trata-se de uma dos maiores e mais espectaculares estruturas de deslizamento sin-sedimentar conhecida na Bacia Lusitaniana. Observa-se um conjunto de estruturas de deformação associadas ao deslocamento (sub-horizontal) de camadas com geometria perfeitamente definida (estado avançado de litificação) sobre outras perfeitamente litificadas, as primeiras referem-se a camadas de calcário compacto do Jurássico Médio e as segundas a camadas do Jurássico Inferior.
Observa-se uma brecha de fundo, acompanhada por estruturas convolutas e de disrupção nos níveis superiores. A geometria de falhas normais associadas às unidades sobrejacentes ao deslocamento, bem como as dobras típicas de slumps permitem interpretar o local como se encontrando próximo da “frente” do escorregamento.
Em termos de enquadramento regional o afloramento permite, como nenhum outro, afirmar que, durante o Jurássico Médio se assistiu a um período distensivo importante, que implicou a rotação de blocos, que favoreceu o estabelecimento de movimentos de massa muito importantes, no caso, provavelmente com quilómetros quadrados de área. Esta falhas, sub-meridianas, terão sido as responsáveis por outros movimentos de massa superficiais, como os que se encontram na região de Sicó (cerca de 10 km para W). Estes possuem uma geometria diferente, em forma de colher, implicando um tipo de movimento diferente, e uma morfologia criada repentinamente, na proximidade de falhas activas que muitas vezes não atravessam a cobertura sedimentar (thickskinned). No conjunto, permitem interpretar a Bacia Lusitaniana, durante o Jurássico Médio, como uma starved basin.
Acesso fácil, embora não permita o deslocamento de muitas pessoas até muito próximo do afloramento (trata-se de um ponto sem saída e com ruas de acesso relativamente estreitas.

Outros valores e sua justificação

Valor estético considerável, uma vez que se avistam uma série de relevos com formas muito diversas, nomeadamente porque se encontram em áreas tectono-estratigráficas diferentes (uns na Bacia Lusitaniana e outros, mais distantes, para Este, no Maciço Hespérico).