Geossítios
GEO

Granito com nódulos na Serra da Freita

justificação do valor científico

O granito da Castanheira constitui um pequeno plutão varisco com forma ovalada (1000 m x 600 m), intrusivo nas formações do Complexo Xisto-Grauváquico. O contacto com os metassedimentos aflora bastante bem, apresentando-se pouco inclinado, no sentido das rochas encaixantes. Tal facto sugere que a parte exposta do plutão representa a cúpula do corpo intrusivo.
O granito é constituído por quartzo, plagioclase, feldspato potássico, biotite e moscovite. Apatite, turmalina, granada e zircão geralmente estão presentes como fases acessórias. O granito torna-se distintivo porque contém inúmeros nódulos de biotite com forma discoidal e tamanhos ente 1-12 cm de diâmetro. Ao longo das margens da intrusão, os nódulos tendem a dispor-se paralelamente ao contacto do granito. Cada nódulo contém um núcleo quartzo-feldspático rodeado por sucessivas camadas concêntricas de lâminas de biotite. As biotites dos extremos estão microdobradas, sugerindo que a forma dos nódulos, em origem, deve ter sido diferente da que actualmente apresentam (quiçá esférica?). A origem destes nódulos ainda não está compreendida.
Ao longo das linhas de água que atravessam o maciço é possível encontrar nódulos soltos, isolados da rocha granítica hospedeira pela meteorização diferencial. É por isso que o granito da Castanheira é conhecido pelos populares como “rocha parideira”. A singularidade destas rochas atrai numerosos curiosos e, devido à colheita incontrolada de amostras, tem-se assistido à destruição dos afloramentos. A Câmara Municipal de Arouca tem desenvolvido esforços para a preservação desta área, protegendo alguns dos afloramentos.
Os afloramentos estão inseridos na área do Geoparque Arouca (Sá et al., 2008) e considerados de interesse geológico por estes e outros autores (Medina et al., 2005, Valle Aguado et al., 2006).

Referências
Medina, J., Valle Aguado, B.; Azevedo, M.R. (2005) - The Castanheira Biotite Nodular Granite and the Metasedimentary Host Rocks (Serra da Freita, Central Northern Portugal): A Geosite to Preserve. IV International Symposium ProGEO of the Conservation of the Geological Heritage, 13-16 September 2005, University of Minho, Braga, (Portugal). Abstract Volume, p. 34.
Reavy, R.J., Hutton, D.H.W. & Finch, A.A. (1993). The nodular granite of Castanheira, north central Portugal: origin of the nodules and evidence for diapiric mobilization of granite. Geological Magazine 130(2): 154-153.
Sá, A.A., Brilha, J., Rocha, D., Couto, H. Rábano, I. Medina, J., Gutiérrez Marco, J.C., Cachão, M. & Valério, M. (2008). Geoparque Arouca. Geologia e Património Geológico. Edição do Município de Arouca (ISBN: 978-972-8978-03-7), 127 pp.
Valle Aguado, B., Medina, J.; Sá, A.A. (2006) - Geologia da Serra da Freita e visita ao Centro Interpretativo Geológico de Canelas (Arouca). Simpósio Ibérico do Ensino da Geologia, Univ. de Aveiro, Livro Guia de Campo (ISBN: 972-789-198-6), p. 43-62.

Outros valores e sua justificação

A singularidade do granito da Castanheira reside nos seus nódulos bióticos, o que atrai numerosos curiosos a este local.
O valor educativo do geossítio reside na possibilidade de observar e cartografar com relativa facilidade um contacto intrusivo brusco, com características geométricas que obrigam a acompanhar as técnicas de cartografia com a obtenção de dados estruturais no corpo granítico e nos metassedimentos encaixantes.

Observações

Este geossítio integra o Geoparque Arouca.