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Gruta do Carvão

justificação do valor científico

Situada na zona poente da cidade de Ponta Delgada, a Gruta do Carvão constitui o maior túnel lávico da ilha de Sao Miguel, com uma extensão actual cartografada de cerca de 2300 m, repartida por três troços principais, de nordeste para Sudoeste: da Rua do Paim, da Rua de Lisboa (ou dos Secadores de Tabaco) e troço da Rua João do Rego.
Nesta cavidade vulcânica existem numerosas estruturas vulcanospeleológicas, como balcões, pontes lávicas, ramificações laterais, bolas de lava, estalactites lávicas e secundárias, estalagmites e colunas lávicas, lavas esponjosas e esmaltadas (e.g. glaze) e moldes lávicos de árvores.
As paredes e tecto, para além de diversas fendas relacionadas com o arrefecimento da lava aquando da formação da cavidade vulcânica, evidenciam várias colorações, incluindo tonalidades alaranjadas a amareladas resultantes da alteração (oxidação) do basalto. Há, ainda, inúmeros conjuntos de estalactites lávicas, predominantemente esmaltadas e de forma cónica, que conferem à gruta uma beleza peculiar. Diversos depósitos minerais secundários (nomeadamente de sílica), materiais terrosos e tapetes bacterianos, dão brilho e cor próprios à rocha basáltica e cobrem, nalguns locais, as paredes e tecto da gruta.
De entre as características desta gruta lávica, merecem especial destaque a sua dimensão, as inúmeras estalagmites lávicas (por vezes com mais de 25 cm de comprimento), os diversos tipos e dimensões de estalactites lávicas presentes (soda straw, cónicas, anelares, etc.) e o facto de uma parte significativa da gruta se desenvolver sob a forma de dois túneis sobrepostos, por vezes com poços comunicantes entre si.

(CONSTÂNCIA, ET AL., 1994, LIMA, 2007, COSTA ET AL., 2008)

Outros valores e sua justificação

Possui um elevado valor educativo e local de elevado interesse turístico, sobretudo em termos de turismo de natureza (e.g. espeleologia). Esta cavidade vulcânica encontra-se aberta à visitação desde 2007.
A Gruta do Carvão também possui interesse histórico, tendo sido descrita desde o século XVI até à actualidade por diversos autores, estudiosos e naturalistas. Este tubo vulcânico chegou a ser utilizado como zona de armazenamento dos Secadores de Tabaco e durante a II Guerra Mundial equacionou-se a sua utilização como paiol.