Geossítios
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Pico das Camarinhas e Ponta da Ferraria

justificação do valor científico

O Pico das Camarinhas corresponde a um cone de escórias basálticas, no topo do qual existe uma cratera múltipla, alongada segundo uma orientação geral W-E, direcção esta que define um alinhamento tectónico radial do vulcão poligenético das Sete Cidades.
A escoada lávica emitida deste cone, que fluiu para Oeste, espraiou-se no Oceano Atlântico dando origem ao delta lávico (ou fajã lávica) da Ponta da Ferraria e a uma arriba fóssil. A erupção vulcânica responsável pela formação do Pico das Camarinhas e respectiva escoada lávica (onde ocorrem inúmeros xenólitos gabróicos e ultramáficos, constituídos por rochas granulares ricas em olivina e piroxena) terá tido lugar por volta do ano 1140 A.D..
As morfologias presentes no local incluem, ainda, um bem preservado cone litoral (forma vulcânica rara no arquipélago) e que corresponde a um pequeno cone piroclástico sem conduta de alimentação profunda, gerado à superfície do delta lávico. A montante do Pico das Camarinhas existe um domo traquítico, instalado na mesma fractura radial do vulcão das Sete Cidades.
Nesta fajã existe uma nascente termal de composição cloretada sódica, com temperaturas máximas no ponto de emergência (junto ao mar) da ordem de 62ºC e que, misturando-se com a água do mar, proporciona actividades de lazer (e.g. talassoterapia) em piscina natural existente no local.
Em Junho de 1811, a uma distância de cerca de uma milha da costa e fronteira à Ponta da Ferraria, formou-se uma ilha vulcânica efémera, na sequência de uma erupção submarina. Esta ilha, que desapareceu em meados de Outubro deste ano, erodida pela mar, recebeu a designação de “Ilha Sabrina”, topónimo existente no local e que perpetua no tempo a erupção vulcânica de 1811.

(QUEIROZ, 1997, SRAM, 2005, LIMA, 2007)

Outros valores e sua justificação

Possui um elevado valor estético/paisagístico e educativo, neste último caso pela presença de raras e bem preservadas estruturas e formas vulcânicas presentes no local.
Geossítio de elevado interesse cultural e turístico, como ponto de visitação privilegiado, pelas características únicas ao nível do termalismo que evidencia e pela importância histórico-cultural que a erupção da Ilha Sabrina representa.